quinta-feira, 31 de março de 2011

O Mito do alongamento!!

29-12-2010 - Estudo randomizado pragmático sobre o alongamento antes e após a atividade física para prevenir lesão e dor.

 
Jamtvedt G, Herbert RD, Flottorp S, Odgaard-Jensen J, Håvelsrud K, Barratt A, Mathieu E, Burls A, Oxman AD. A pragmatic randomised trial of stretching before and after physical activity to prevent injury and soreness. Br J Sports Med. 2010 Nov;44(14):1002-9. Epub 2009 Jun 11.

Objetivo: Determinar os efeitos do alongamento antes e após a atividade física sobre os riscos de lesão e dor em uma população da comunidade.

Desenho: Estudo randomizado pragmático na internet, conduzido entre janeiro de 2008 e janeiro de 2009.
Local: Internacional.

Participantes: Um total de 2.377 adultos que praticavam atividade física regularmente.

Intervenções: Os participantes do grupo com alongamento foram orientados a realizar alongamentos estáticos com 30 segundos de duração em 7 grupos musculares do membro e do tronco, antes e após a atividade física, durante 12 semanas. Os participantes do grupo controle foram orientados a não realizar alongamento.

Principais desfechos medidos: Os participantes forneceram relatos semanais dos desfechos, via internet, durante 12 semanas. Os desfechos primários foram qualquer lesão do membro inferior ou da coluna e dor incômoda nas pernas, nádegas e coluna. A lesão de músculos, ligamentos e tendões foi um desfecho secundário.

Resultados: O alongamento não produziu reduções clinicamente importantes ou estatisticamente significativas sobre o risco geral de lesão (RR = 0,97, IC 95% 0,84 a 1,13), mas reduziu o risco de dor incômoda (o risco médio de dor incômoda em uma semana foi de 24,6% no grupo com alongamento e 32,3% no grupo controle; RR = 0,69, IC 95% 0,59 a 0,82). O alongamento reduziu o risco de lesões em músculos, ligamentos e tendões (taxa de incidência de 0,66 lesões por pessoas-anos no grupo com alongamento e 0,88 lesões por pessoas-anos no grupo controle; RR = 0,75, IC 95% 0,59 a 0,96).

Conclusão: O alongamento antes e após a atividade física não reduz apreciavelmente o risco global de lesão, mas, provavelmente, reduz o risco de algumas lesões, bem como o risco de dor incômoda.




Comentários

Dr. Lúcio Honório de Carvalho Júnior
Doutor em ortopedia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e professor adjunto da Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais (UFMG).


Os estudos clínicos randomizados e duplo cegos são, do ponto de vista científico, aqueles que possuem maior nível de evidência quanto à segurança de seus resultados.

Exercícios de alongamento de grupos musculares, antes ou depois de atividades físicas são foco de controvérsia há muito tempo1,2. A falta de flexibilidade em alguns grupos musculares muda de forma inequívoca o funcionamento das articulações relacionadas com estes3. A despeito desses conhecimentos, o benefício do exercício de alongamento imediatamente antes ou depois do exercício carece de subsídio científico para a sua aplicação4.

O trabalho de Jamtvedt et al esclarece alguns aspectos, mas tem limitações metodológicas. A informação dada diretamente pelo paciente pode não refletir a real existência de dano, visto que não foi realizado qualquer diagnóstico do evento. Dor por si só não é diagnóstico, e considerá-la um dos desfechos pode ser fonte de inúmeras incorreções.

Apesar desses questionamentos, o grande número de pacientes (2.377) e o seguimento relativamente longo (12 semanas) tornam o estudo interessante, por ter encontrado diminuição significativa no número de lesões musculares, ligamentares e tendinosas (risco relativo de 0,75) e diminuição no risco de dor incômoda (risco relativo de 0,69). Os achados devem ser avaliados, considerando as limitações metodológicas.



Referência

1. New Study Links Stretching with Higher Injury Rates, Running Research News, Vol. 10(3), pp. 5-6, 1994.
2. Viscoelastic Response to Repeated Static Stretching in the Human Hamstring Muscle, Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports, Vol. 5, pp. 342-347, 1995.
3. Physiology of Range of Motion in Human Joints: A Critical Review, Critical Reviews in Physical and Rehabilitative Medicine, Vol. 6, pp. 131-160, 1994.
4. Should Static Stretching Be Used During a Warm-Up for Strength and Power Activities? Strength and Conditioning Journal, Vol. 24(6), pp. 33-37, 2002.


RETIRADO DO SITE http://www.medicalservices.com.br/atualizacao/literatura_comentada/exibe.php?id=466&topo=

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