quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Clown: Uma poesia por trás de um Nariz - parte 1

Sou atriz desde 1994 e ao conhecer a menor máscara do mundo, o nariz vermelho, fiquei encanta, apaixonada. Vi nesta poética, a liberdade da alma, o retorno a ternura, a verdade do Ser. Depois de tanto pesquisar passamos s ministrar cursos desta arte para diferentes grupos de pessoas com diferentes objetivos e só tivemos lindas experiências.

O nariz vermelho é usado de diferentes formas, como protesto, no carnaval, em festas infantis, porém Ser Clown é muito mais que apenas pendurar o nariz sobre a face, Ser um Clown é uma jornada de descobertas.


De acordo com Jara (2001), o Clown é como todos nós em qualquer fase de nossa vida, seja ela, a velhice, a fase adulta ou a infância; um ser que vive, um registro histórico de ações e reações. Não é uma personagem que está comprometido por uma série de coisas como, por exemplo, um autor, diretor, texto dramatúrgico e até mesmo, com outros personagens; ao contrário, a única referência que o Clown tem é ele mesmo, ou seja, um encontrar de nós com nós mesmos. Melhor ainda, este encontro é com o melhor de nós mesmos, o mais sincero, o mais terno, o primário, o apaixonado o transparente.

O Clown sintetiza todos os rasgos de nossa personalidade, os que mais mostramos e os que mais queremos ocultar, ou que são reprimidos por nós, seja por qual razão for, social, cultural, familiar e pessoal.

Ao entrarmos em contato com estes registros emocionais guardados, podemos dispor deles com mais facilidade, ampliá-los, modificá-los.

Clown é autoconhecimento.

Jara, um clown que admiro pelo trabalho incrível, diz que ir de encontro ao nosso Clown pode ser uma aventura divertida, emocionante, libertadora, tanto para profissionais das artes cênicas, quanto para quem não o é. O jogo Clownesco pode ser evidentemente um jogo complexo de se jogar enquanto emoções a serem experimentadas em cena e por se tratar de uma máscara, quem joga se vê obrigado por ela a traduzir estas emoções em signos e códigos outros que não os cotidianos, com seu corpo e sua voz, daí a indispensável necessidade de se ter um treinamento físico distinto para este trabalho, melhorando conseqüentemente outras formas de comunicação, sejam elas cênicas  ou não.

O prazer de jogar pode ser reencontrado ao trabalharmos com o Clown, pois estamos diante de uma forma de expressão e/ou comunicação direta, espontânea e primária, isto é, o deixar-se levar por estados máximos de sensibilidade, muito além dos clichês do nosso dia-a-dia.

“De maneira que, finalmente, podemos afirmar que o encontro com nosso Clown se converterá em uma espécie de viagem sã ao mais AUTÊNTICO de cada um”. (JARA, p. 21, grifo do autor).

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